Coordenador será o advogado Antônio Ribeiro Romanelli

Com o desafio de investigar crimes da época da ditadura, o governo de Minas empossou, no último dia 24, cinco dos sete membros da Comissão da Verdade em Minas Gerais (Covemg). Entre os principais casos que serão investigados pela Covemg estão o Massacre de Ipatinga, que ocorreu há quase 50 anos, na região do Vale do Aço.

Escolhido como coordenador da Comissão da Verdade em Minas, o advogado Antônio Ribeiro Romanelli ressaltou a importância de que o caso seja investigado para trazer à tona a verdade dos fatos. “Quando se fala no massacre, sempre se culpa a Polícia Militar que esteve lá e disparou os tiros de fuzil que mataram os trabalhadores. Mas a polícia foi apenas o braço que executou ordens e precisamos apurar quem emitiu essas ordens”, disse.

Segundo Romanelli, há informações de 48 trabalhadores da Usiminas mortos pouco depois de uma greve, mas esse número usualmente contestado, já que alguns operários teriam desaparecido após o episódio. “Isso é uma prioridade da comissão, não somente pela importância, mas também pelo momento, já que se completam 50 anos do massacre. Por isso, vamos fazer investigações, ouvir testemunhas e familiares das vítimas”, completou.

No dia 7 de outubro, quando o crime completará exatamente 50 anos, membros das comissões da Verdade nacional e mineira se reunirão em Ipatinga para dar início à busca de informações sobre o episódio. Enquanto isso, documentos levantados por Alberto Carlos Dias Duarte, o Betinho, ex-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte e um dos sete membros da comissão, serão analisados pelos demais integrantes da Covemg.

“Nosso objetivo é restabelecer a verdade, não a verdade dos vencedores, mas a verdade real. Uma frase que ouvi de um amigo e que a mim parece muito significativa é que: ‘O país deve ser escravo e não dono da verdade. A verdade deve ser uma meta que a gente deve buscar'”, concluiu Romanelli.

Posse

Além de Romanelli, foram empossados ainda Alberto Carlos Dias Duarte, o Betinho, Carlos Vitor Alves Delamonica, Jurandir Persichini Cunha e Maria Ceres Pimenta Castro. As integrantes Emely Vieira Salazar e Maria Celina Pinto Albano, que não estão em Belo Horizonte, tomarão posse em outra oportunidade.

Durante discurso, o governador Antonio Anastasia ressaltou a luta da mineira Helena Greco contra a ditadura miliar e pela anistia no Brasil e destacou a importância dos trabalhos da Comissão da Verdade para esclarecer fatos que aconteceram no passado.

“A verdade é fundamental. Conhecemos aquela expressão, que é tão verdadeira, que é a que o povo que conhece bem e analisa o seu passado, interpreta melhor o seu presente e planeja mais adequadamente o seu futuro, até para evitar passos em falsos que ocorreram no passado e, ao contrário, pavimentar um caminho de paz e de prosperidade para os anos vindouros. A nossa Comissão Estadual da Verdade certamente terá muito a contribuir para esse esforço que é coletivo”, afirmou Anastasia.

Após a posse, os membros da Covemg fizeram a primeira reunião e escolheram Antonio Romanelli como coordenador dos trabalhos. A comissão contará com o apoio da Secretaria de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais (Seccri) e suporte de órgãos e instituições do Poder Público e, após concluídas, as investigações serão encaminhadas ao governo do Estado, à Comissão Nacional da Verdade e ao Ministério Público.

 Fonte: Portal Minas Livre