Audiência pública
terça-feira, 23/08/2011 15:46Oficiais de justiça participam de debate sobre verba da AJ na Assembleia Legislativa
Oficiais de justiça, comissários da infância e da juventude, assistentes sociais e psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) lotaram o auditório da Assembleia Legislativa na tarde de ontem (segunda-feira 22/8), durante audiência pública conjunta das Comissões de Participação Popular (CPP) e de Administração Pública que debateu o valor da verba indenizatória paga pelas diligências realizadas pelos oficiais de justiça, comissários da Infância e da Juventude, assistentes sociais e psicólogos do TJMG. Os sindicalistas presentes, entre os quais o presidente do SINDOJUS/MG, Cláudio Martins de Abreu, reivindicaram o reajuste imediato da verba indenizatória paga pelas diligências realizadas no cumprimento de mandados da Justiça gratuita, que somente a partir de ontem passaram para apenas R$ 6,50, nas áreas urbanas, e R$ 8,50, nas áreas rurais.
Em sua participação no debate, Cláudio Martins de Abreu relatou que, há muito tempo, o SINDOJUS/MG reivindica a equiparação da verba da justiça gratuita à Tabela D, da lei 14.939/2003, por entender que ela indeniza de forma justa o cumprimento de tais diligências. Ressaltou, inclusive, as distorções existentes entre as verbas da AJ e da Justiça paga em diligências que requerem os mesmos empenho e trabalho dos oficiais de justiça. Ele também questionou o fato de que, enquanto a verba da Justiça privada é paga antecipadamente, o oficial de justiça tem que bancar do próprio bolso as despesas de transporte para cumprimento dos mandados da Justiça gratuita, para depois receber. “O que a gente quer é acabar com essa distorção gritante”, explicou.
O presidente do SINDOJUS/MG também lembrou que a própria lei 14.939/2003, em seu artigo 18, estabelece que “ao oficial de justiça-avaliador é devida a indenização de transporte, a título de ressarcimento de despesa realizada com locomoção, para fazer citação e intimação e cumprir diligência fora das dependências dos tribunais ou das varas onde esteja lotado”. E no parágrafo 1º desse artigo, assegura que “O recolhimento prévio do valor da diligência é condição para a expedição do mandado”. E citando a Constituição Federal, destacou que a prestação da assistência judiciária é uma obrigação do Estado. Portanto é uma injustiça os oficiais de justiça continuarem bancando-a com seus próprios recursos. “Chegou a hora do Executivo (governo do Estado) pagar sua parte”, cobrou.
Dificuldades
Os servidores do Judiciário relataram ainda uma série de dificuldades que enfrentam no dia a dia do exercício da profissão, como a necessidade de usarem seus próprios veículos nas diligências, a dificuldade de acesso aos locais e situações arriscadas do ponto de vista da segurança e da saúde. Por isso, eles defendem, também, o pagamento de adicionais de insalubridade e periculosidade, além da contratação de novos profissionais aprovados em recente concurso público para a Justiça de primeira instância (Justiça Comum e Juizados Especiais), com ênfase para os cargos de psicólogo, de forma a fazer frente à crescente demanda do volume de trabalho.
Deputados presentes apresentaram vários requerimentos, a serem apreciados na próxima reunião da CPP, entre eles o que propõe a criação de uma comissão parlamentar destinada a acompanhar a execução e destinação de recursos orçamentários voltados aos servidores do Tribunal, de autoria do deputado Bruno Siqueira (PMDB). Outro requerimento apresentado propõe que seja solicitada ao governador do Estado a provisão de recursos orçamentários para o Tribunal efetuar o devido pagamento das despesas processuais de assistência judicial, tais como indenização de transporte dos servidores, realização de perícias e outras despesas secundárias. Todos os requerimentos com reivindicações dos servidores serão votados em nova sessão conjunta das Comissões de Participação Popular (CPP) e de Administração Pública, na quinta quinta-feira, 25, às 14h30, na Assembleia Legislativa.
O diretor de Planejamento e Gestão Institucional do TJMG, Renato Cardoso Soares, afirmou que todas as pendências para com os servidores decorrem de dificuldades orçamentárias. Quanto à verba da assistência judiciária, informou que o Tribunal está elaborando uma proposta a ser encaminhada ao Executivo pleiteando a vinculação dos valores arrecadados com as custas judiciais e a taxa judiciária ao Poder Judiciário, para o custeio das despesas de transporte dos oficiais de justiça por tais diligências.
Convocada a requerimento do deputado Rogério Correia (PT), a audiência pública contou ainda com a presença de outros parlamentares, como o presidente da CCP, deputado André Quintão (PT), que presidiu o início da reunião, e Luzia Ferreira (PPS). Entre os convidados estavam presentes representantes do TJMG e líderes sindicais.
Críticas ao Executivo
Segundo o autor do requerimento para a realização da audiência pública, o primeiro semestre da Assembleia Legislativa teve uma pauta marcada por constantes mobilizações, manifestações e greves de diversas categorias, em áreas como saúde, educação e previdência. Ele criticou “o tão alardeado choque de gestão”, que, segundo frisou, “já está mostrando a sua verdadeira face: arrocho salarial e Estado mínimo, que prejudicam não só o servidor público, mas o serviço público e, com isso, a população”. Ele mencionou também que, em face das dificuldades para o Governo do Estado saldar seus compromissos, foi criada a Frente Parlamentar em defesa da renegociação da dívida pública de Minas.
A deputada Luzia Ferreira (PPS) reconheceu as dificuldades enfrentadas pelos servidores da Justiça, mas observou que essas dificuldades existem também em nível nacional, lembrando que a presidente Dilma Rousseff, recentemente, por falta de recursos, também foi obrigada a negar aumento aos aposentados que recebem acima do salário mínimo. A deputada colocou-se à disposição para intermediar uma negociação com o governo, na condição de parlamentar do bloco Transparência e Resultado, de situação.
Quilômetro rodado
Os líderes sindicais presentes – Cláudio Martins de Abreu, presidente do SINDOJUS/MG; Sandra Margareth Silvestrine de Souza, presidente do Serjusmig; Robert Wagner França, coordenador-geral do Sinjus – insistiram na necessidade de o Tribunal rever os valores pagos aos servidores.
Eles reivindicaram que, a exemplo do que se faz nas ações privadas, as verbas indenizatórias sejam pagas considerando os quilômetros rodados, já que, muitas vezes, os servidores têm que se deslocar a grandes distâncias, vencendo 100 e até 200 quilômetros para entregar um mandado judicial. Além disso, nem sempre conseguem fazê-lo logo na primeira tentativa, tendo que repetir o percurso duas, três e até mais vezes.
O desembargador Dídimo Inocêncio de Paula, representando o TJ, admitiu que os valores pagos aos servidores são baixos, mas destacou que o Tribunal arca sozinho com o custo da assistência judiciária e que os recursos repassados à instituição são insuficientes. Segundo ele, o Judiciário participa com apenas 6% (pouco mais de R$ 2 bilhões) da receita líquida do Estado (da ordem de R$ 37 bilhões) para fazer frente a despesas de pessoal. Por isso, observou que, para atender às reivindicações dos servidores, a instituição precisaria de uma suplementação de recursos. Nesse sentido, solicitou a ajuda do Poder Legislativo, na criação de mecanismos legais de novas fontes de custeio.
O presidente do SINDOJUS/MG reforçou o pedido do deputado Bruno Siqueira para que seja criada uma Comissão Parlamentar para acompanhar a execução e destinação de recursos orçamentários voltados para os servidores do Tribunal.
Presenças
Pela Assembleia Legislativa, estiveram presentes os deputados André Quintão (PT), presidente da Comissão de Participação Popular; Rogério Correia (PT), autor do requerimento; Luzia Ferreira (PPS) e Bruno Siqueira (PMDB).
Fonte: SINDOJUS/MG e Assessoria de Comunicação da ALMG