DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA: dados revelam o racismo estrutural no Brasil
sexta-feira, 20/11/2020 15:26O Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado neste 20 de novembro, surgiu como forma de homenagear Zumbi dos Palmares, principal líder na luta pela libertação do povo negro e contra o sistema escravocrata, já que este mesmo dia do ano de 1695 é atribuído à sua morte. Desde então, muita coisa mudou, exceto a estrutura racista do país que perpassa os principais pilares da sociedade: a saúde, a educação, o sistema carcerário, o sistema judiciário.
Para se ter uma ideia, segundo o Censo do Poder Judiciário, somente cerca de 15% dos magistrados brasileiros são negros. Enquanto isso, as pessoas que se declaram negras no Brasil correspondem a cerca de 56% da população de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, ou seja, a maioria.
A falta de representatividade no poder judiciário caminha lado a lado a outro triste dado: 61,7% da população carcerária é formada por negros e pardos, conforme o Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
A este violento conjunto de racismo estrutural soma-se, ainda, o fato de que a população negra sempre é maioria entre os mais pobres do país. Segundo o informativo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil” do IBGE, entre os 10% da população com menor rendimento per capta, 75,2% são negros e 23,7% são brancos.
Em todos os segmentos da sociedade, o racismo estrutural é visível: são as mulheres negras as que mais sofrem com a violência obstétrica, são os jovens negros da periferia os principais alvos da violência policial, são os homens brancos os principais rostos do empresariado no Brasil, são as pessoas de pele branca as que mais conseguem acessar os altos cargos no mercado de trabalho, são as pessoas negras a maioria nos chamados subempregos.
Por isso, quando se fala em luta antirracista, não estamos falando somente da discriminação pela cor da pele. Estamos falando também de um sistema que privilegia as pessoas brancas e não cria as estruturas adequadas para se corrigir as desiguladades alimentadas ao longo de quase cinco séculos de história.
Como disse Preto Zezé, presidente da Central Única de Favelas, “no Brasil, o negro não nasce negro, ele descobre que é negro e muitas vezes essa descoberta é extremamente dolorosa”.
Ironicamente, no dia em que se celebra a Consciência Negra, a imprensa noticia a morte de mais um negro por conta da cor de sua pele. Um trabalhador de 40 anos foi espancado e morto por dois seguranças brancos enquanto fazia compras com a esposa em um supermercado de Porto Alegre.
“A raça é um elemento de naturalização da morte do outro”, pontua o professor Silvio Almeida, um dos principais negros do país. Não por acaso, a morte de pessoas negras vítimas de violência dificilmente gera a mesma comoção que a morte violenta de uma pessoa branca.
Mais do que celebrar, acreditamos que o Dia da Consciência Negra também é uma forma de lembrar que a luta antirracista deve ser uma luta de todas e todos por uma sociedade mais justa. Por isso, continuamos lutando pelos direitos das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Unidos, somos mais fortes!
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