Pesquisa identifica fatores que causam estresse na atividade exercida pelo Oficial de Justiça

Reprodução: Infojus

Uma pesquisa científica publicada na edição de janeiro-abril de 2019 da revista Gestão & Regionalidade identifica os principais fatores que causam estresse na atividade profissional do Oficial de Justiça.

O estudo, realizado por Patricia Inez da Silva Machado, Silvio Roberto Stefano, Marcos Roberto Kuhl e Elaine Aparecida Regiani de Campos, foi feito no ano de 2016 com Oficiais de Justiça Avaliadores Federais associados à ASSOJAF/MG e ASSOJAF/PR.

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Segundo a publicação, além da violência que cerca a profissão, o gap entre o número de Oficiais de Justiça necessários e o número existente (ativos) em cada jurisdição acarreta uma sobrecarga de trabalho para estes profissionais.

“Outras dificuldades encontradas por esses profissionais são os endereços imprecisos, as situações imprevistas (aquelas que fogem das situações comuns no exercício da função), a falta de interação entre os magistrados e os Oficiais de Justiça, além dos mandados sem total clareza ou distribuídos de forma incompleta”.

Ainda conforme a pesquisa, a sobrecarga de trabalho pode ser indicada como o principal fator relacionado ao estresse ocupacional. “O segundo fator com média mais elevada é o relacionado à ameaça, agressão e/ou violência”, afirmam os estudiosos.

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Para eles, os inúmeros papéis que o Oficial de Justiça acumula no dia a dia compõem uma série de elementos dentro da variável sobrecarga.

“O que colabora para que o indivíduo desenvolva problemas de estresse e consequentemente, reflete no desempenho no trabalho e fere sua saúde física e mental. A construção de um ambiente sadio para que os colaboradores tenham qualidade de vida ao exercer sua função faz-se necessário em todas as repartições”.

De acordo com os pesquisadores, o estudo foi importante no sentido de destacar os problemas mais comuns enfrentados pelos Oficiais de Justiça em exercício. “Contudo, é necessário o desenvolvimento de políticas que contemplem soluções para um problema que muitas vezes é ignorado. A conservação da vida e do estado psicológico do servidor deve, em suma, ser priorizado de modo a oferecer alternativas ao enfrentamento constante de estresse”.

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“Quando eu estava no segundo ano de oficialato meus filhos e minha mulher estavam reclamando que eu ficava pouco tempo em casa por causa do trabalho. Aí um dia inventei de lava-los comigo. Pois naquele dia só tinha intimações de audiências. Coisas simples. Então pensei. Vou levá-los. Em uma intimação no Centro de uma cidade metropolitana . Desci do carro e eles ficaram no veículo. Bati palmas. Depois bati no portão. De repente um cidadão abre o portão com uma faca se açougueiro na mão. Eu imediatamente dei dois passos para trás. E no automático perguntei se parte morava ali. Ele disse que não. Que era um primo dele e ele não sabia de nada. Nisso ele olhou o carro e percebeu que o carro estava ligado. Acredito que ele imaginou que ali estava outro Oficial de Justiça. Nisso eu disse obrigado e rapidamente voltei ao carro. Senti que ele pretendia me atacar. Mas acreditou que havia outro oficial no carro. Os vidros laterais e traseiro eram 100% no insulfilme. Ele não percebeu que na verdade ali estava minha esposa e meus três filhos. Nunca mais levei eles comigo. Mesmo reclamando da minha ausência.”

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