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REFLEXÃO: “Procura-se Oficial de Justiça” por Eduardo Santos

Em uma reflexão sobre o papel e os desafios enfrentados pelos Oficiais de Justiça, Eduardo Santos de Oliveira, então Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, compartilhou sua visão sobre a resiliência e a empatia necessárias para essa profissão essencial. Eduardo Santos também é ex-Oficial de Justiça da Comarca de Belo Horizonte, o que enriquece sua perspectiva sobre a carreira.

“Procura-se um cidadão que não tenha medo de favelas, que seja superior ao tempo. Procura-se um cidadão que não chore com qualquer dor, posto que a dor alheia será sua companheira. Tem que estar disposto a adentrar a vida de outrem, a perturbar-lhe a intimidade. Não pode ser “impaciente” a ponto de recusar o encargo de divã humano e ouvir maternas lamentações; não pode ser calmo a ponto de gastar o precioso tempo da Justiça com o choro dos devedores, com o desespero dos despejados. Há que gostar das manhãs, não pelas poesias nelas contidas, mas porque as manhãs (frias ou ensolaradas) serão sua morada.

Procura-se um cidadão que não se importe com o pouco lirismo dos becos e vielas, que não se encante com o charme fácil das alamedas e das mansões que as completam. Precisa ser forte o bastante para não sucumbir ante a perda da liberdade dos que afrontaram a Lei, mas tem que ser sensível para entender a revolta dos que perderam.

Procura-se um cidadão que esteja disposto a ser viva testemunha da miséria de seu tempo, que possa tocar sem medo as chagas expostas desses países chamados periferia; que não tema ser a um só tempo vítima e pública presença em nosso caos social.

Procura-se um cidadão que esteja disposto a ser…OFICIAL DE JUSTIÇA!”

O autor, Eduardo Santos de Oliveira, era Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro e ex-Oficial de Justiça da Comarca de Belo Horizonte na época em que escreveu esta reflexão.

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